Limite

Não é mais normal,
Há tempos deixou de ser casual.
Pra ser sincero, já nem sei mais como é tua voz sem gritar.

Me desespero – e nem tenho tempo para isso – pra te fazer entender.
Acho que a gota d’água veio,
Penso que acabou o receio.
Já sei que não agüento mais.
Sim, eu não agüento mais
Te amar sempre vai ser meu maior dom.
Ontem era bom, hoje já não é mais.
Só me maltrata esse amor.

Quero que entenda que eu achei meu mundo aqui fora,
Quero que saiba que chegou a hora do mundo me ouvir falar,
Eu desisto do meu quarto pra poder morar no mundo(!)
E o mundo vai morar em mim.

O meu sorriso é certo, pode contar com isso. Pode contar. Pode.

Do pirulito ao peito limpo

Não imaginei que haveria tanta paz nesse sentir
Confesso que, se soubesse, não teria feito tanta questão de fugir
Mas hoje estou aqui

E sei que demorei
Demorei para chegar assim como espero demorar para (nunca mais) partir

Tua forma delicada e tão fria de ser nós
Nosso jeito tão nosso de ser quando estamos à sós

Teu edredom não esconde nossa vontade
Teu quarto não sustenta tanta felicidade

Até nas horas mais fracas eu planejo te amar
E, quando acontecer, seremos maiores que o mar

O ar eu deixo faltar, pois em cada madrugada eu te respiro.
E o ar eu deixo faltar

Corpo, acorde e canção

Ser verdadeiro nem sempre dá certo
Isso eles não mostram nas manchetes dos jornais.

Quando não havia chance de ser
E não existia todo esse querer
Teu coração ainda era inteiro, eu sei.

Hoje você diz que só há resquícios do que eu deixei
Quase nada, eu (também) sei.

Me diz! como eu posso te provar que agora meu peito te tem
Me diz! como eu posso te mostrar que agora você é o meu bem

Não me diz que você não quer ficar
Você sempre quis, agora não há de abandonar,

Pois eu me apaixonei até pela tua forma de dizer que “não”
Eu me apaixonei pelo teu vício de negação
(quase) Te amei desde a primeira estrofe da minha canção

Hoje você é o refrão
E – não – mentir não é mais minha opção
Sou teu de corpo, acorde e canção.

Homem (quase) ao mar

Eu repito as melodias
Pra te ver cantar
Me convenço de que a dor
Não quer me sufocar

Mas, no alto mar, é tão difícil ser real
Do nono andar tudo é tão pobre e tão banal

Toda essa luz
Que expulsa a solidão
Faz de mim parte errante
De toda a solidão

Não deixei de te amar,
Só não aprendi a lidar
Com esse tipo de surpresa

Não quero te deixar,
Mas não sei como te abraçar
Diante de tanta incerteza

Partiu-me em dois ou mais
Quase desisti de ser um bom rapaz
Pra voltar a ser aquele que te fez apaixonar

Arrastou pra longe a minha paz
Não sei bem do que sou capaz
Depois de o choro segurar

Agora me sinto um homem (quase) ao mar.

Quebrado

Talvez eu não tenha entendido a tua intenção quando me deu um lugar para ficar.
Já notei todas as diferenças que existem entre a tua casa e o bar,
E confesso que ainda não sei qual prefiro.

Não agora, não com essa demora.
Já passou da hora de você provar o porquê de vir aqui.

Tal dia, tal hora, talvez, quem sabe a minha partida.
Da senha do celular às senhas da tua vida.

Vida essa tão sombria que me fiz gostar e agora pago o preço por acreditar que todo coração é como o meu.

Dói, como sempre doeu.
Sou, como agora sou teu.
E mesmo que antes tenha dito, não sei se quero ser mais um pouquinho.
Ainda tenho tanto pra decidir entre meus cigarros e meus copos de vinho.
Dessa vez, não sozinho.